Roda de coco no sertão

–Tome cachaça, menina, que aqui é o sertão, não tem certo nem errado.

–Cachaça arde, mas tem suas vantagens – ele ri.

Toca coco e vira um gole, que a cachaça é ruim, mas a vida é boa. Vira um gole e vai para a roda, que o coco vai recomeçar. Continuar lendo “Roda de coco no sertão”

Macuca: quando o forró encontra o frevo

Quando o forró e o frevo se encontram e a gente não sabe mais qual é qual, mas sabe brincar e dançar. Fantasiados na quadrilha, pulando no pequeno salão do Cariri Olindense até o corpo ficar muito quente e o ar muito abafado. Aí a gente vai para rua, respira fundo… e volta para o ar quente e suado, e pula até não aguentar. E pausa, respira, e volta. Continuar lendo “Macuca: quando o forró encontra o frevo”

Como fazer amigos em viagens (para paulistanos)

De onde você é?

– São Paulo.

– São Paulo mesmo, a cidade? Ou é do interiorrr?

– Da capital mesmo.

– Ah.

– Mas minha família veio de Minas…

– Ah que legal!! Que lugar de Minas? Conhece aquela barragem lá de Sobradinho? Já trabalhei lá…

Ele pega o celular, abre as fotos e, enquanto dirige, mostra o lugar onde trabalhou. O detalhe é que era minha primeira vez num mototáxi, ele era o motorista, a estrada era de terra, cheia de pedras e o capacete tava quase voando da minha cabeça de tão frouxo.

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Museus de Recife

Quando o sertão vira mar, cais é porto seguro de tudo que floresce ao sol. À moda do São Francisco sertanejo, que irrompe o inesperado da seca, um rio construído no concreto do museu nos leva para os caminhos da cultura do sertão: cordel, xilogravura, música, objetos, brinquedos, costumes e histórias. Continuar lendo “Museus de Recife”

Um passeio em Recife: Antigo e outros bairros

“Eu vi o mundo, ele começava no Recife.” É o que diz a rosa dos ventos do Marco zero da cidade, no Recife Antigo. Ao lado da frase, desenhadas no chão estão as fronteiras da Terra – Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte… Plutão –, aqui se pensa grande. Continuar lendo “Um passeio em Recife: Antigo e outros bairros”

(Re)conhecendo Recife

Pelas ruas de pedra do Recife Antigo, entre prédios coloridos e bem conservados e outros marcados pelo tempo, caminhando entre canais e estátuas, eu, recém-chegada, tentava entender a cidade. As muitas pontes diziam algo que demorei para perceber: estava numa ilha! Mas a cidade se estendia bem mais além, ao alcance de alguns passos para lá do rio. Ou melhor, dos rios, Capibaribe e Beberibe, que se encontram ali para se lançar ao mar. Continuar lendo “(Re)conhecendo Recife”

Fulni ô, o povo que fala a língua do sertão

“Às vezes fico pensando porque Deus fez nós índios falar cada um uma língua diferente. Mas acho que é porque nós falamos a língua da terra, das matas, dos bichos. Os animais da caatinga não são os mesmos da floresta, como é que a nossa língua ia ser a mesma? A língua dos Fulni ôs é a língua do sertão, da seca, daquelas pedras, daquelas plantas, dos calangos… não podia ser a mesma língua de quem vive na Amazônia, onde chove todo dia. E por isso que é importante que cada um de nós preserve a nossa língua, porque é a língua que conhece as plantas da nossa região, os animais, que conhece a vida na seca…” Continuar lendo “Fulni ô, o povo que fala a língua do sertão”

Entre tempos – uma missa em igrejinha, no Vale do Pati (BA)

Lá onde a noite é mais escura e não dá pra contar as estrelas, atrás de vales de pedra, uma fogueira aquece o ar. Em volta dela, dois pandeiros distraem o cansaço com cantigas destes e de outros tempos.

Das portas ainda abertas da pequena igreja ao lado escapa uma vaga luz amarela. Sozinho, iluminado por velas e por algum raio de estrelas que ali conseguisse entrar, seu Tico estuda as palavras que dirá amanhã. Sorriso no rosto, apesar da ansiedade pelo grande dia que virá, ele reza para que tudo corra bem. Continuar lendo “Entre tempos – uma missa em igrejinha, no Vale do Pati (BA)”

Travessia do Vale do Pati – Chapada Diamantina

Vencida a apreensão para encarar uma trilha de três dias, fui encontrar meu grupo na agência: a Carol, paulista que resolveu construir a vida em Morro de São Paulo, o Dom, um policial alemão, o Tom, australiano, e o nosso guia, que não falava uma palavra de inglês. A travessia inclui o guia, a hospedagem na casa dos moradores nativos do Vale, o transporte até o início da trilha e a alimentação durante toda a trilha, que é o guia que prepara. Continuar lendo “Travessia do Vale do Pati – Chapada Diamantina”

Muitas formas de conhecer a Chapada

A Chapada Diamantina é enorme, são 1.521 quilômetros quadrados que passam por diversas cidades do interior da Bahia entre cachoeiras, rios, paredões de pedra, grutas e paisagens impressionantes. De longe, é muito difícil entender sua extensão, as diversas atrações e a locomoção para chegar até elas.

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